quinta-feira, maio 04, 2006,11:01 da manhã
Home to work
Corria o segundo ano da faculdade quando foi proposta a criação de um texto entitulado "Home to work", ou em português "De casa para o trabalho".
Na altura vivia num antigo convento e pensei que isso até era capaz de ter piada. A piada resumiu-se num 13 que é aquela nota que não quer dizer nada. Nem bom, nem mau. Assim.
Passados 4 anos, volto a tentar no excerto que se segue.

Acordo.
Acordo? Acordo.
O viver perto da Igreja Matriz marca-me o ritmo da vida com as suas fatais badaladas. Para evitar coincidências já pus o despertador numa hora não certa (seja lá isso o que for). Tomo chá. Tocam os sinos, inevitavelmente. São horas de sair de casa. As vésperas já passaram. Posso sai r de casa.
Ao passar na estreita travessa que separa a sacristia da casa mais próxima, espero inconscientemente sentir o cheiro de uma noite mais bebida que as outras e agradeço a Nossa Senhora da Penha o facto de ainda estar vivo.
Cruzo a praça principal da vila onde os edifícios mais emblemáticos se parecem curvar face ao estranho monumento que celebra o foral. O foral, o foral, as ruas estreitas quase me fazem remontar à gloriosa época das caçadas em que tudo isto começou. A vila de Grândola. Penso em como vim cá parar e o que estou cá a fazer e porquê.
A rua da escola. Inspiro fundo ao ver a serra lá ao fundo com a ermita e até imagino sentir os ares saudáveis de uma natureza aqui tão perto mas sempre tão distante e percebo.
Sem em encontrar uma resposta saudável percebo porque estou aqui.
Ao passar o portão da escola, oiço os pássaros a cantar numa escola ainda mais adormecida do que eu.
Chego à biblioteca, abro as portas e digo de mim para mim: Bom dia!
 
posted by magnuspetrus
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